quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Sobrevivendo ao desmanche

            2015 foi um ano horrível para todo mundo, certo? Não totalmente. No futebol brasileiro o Corinthians vai poder olhar para trás e dizer que o ano passado foi um dos melhores da sua história. Os paulistas conseguiram ganhar um campeonato mesmo depois de perder três titulares (Guerrero, Emerson e Fábio Santos). O elenco limitado não impediu que Tite conquistasse mais um título brasileiro, com vários jogadores do elenco jogando o melhor futebol da carreira. Após um ótimo 2015 o que a equipe poderia esperar para 2016? Mais entrosamento, mais vitória e títulos importantes. Mas parece que a felicidade em meio ao caos alheio acabou trabalhando contra eles: os jogadores ficaram em evidência, foram premiados e atraíram os olhares das outras equipes. Refletimos aqui a dificuldade e as possibilidades que o Corinthians tem para montar sua equipe para este ano. SPOILER: Deu ruim!

Mais bonito que o Alisson.
            O Corinthians campeão de 2015 desmanchou. Vários foram embora e alguns ainda devem ir enquanto a janela ficar aberta.

            Saíram: Edu Dracena, Gil, Ralf, Renato Augusto, Jádson, Malcon e Vagner Love.  
            Chegaram: Vilson, Willians, Alan Mineiro, Marlone, Guilherme, Giovanni Augusto e André.

            6 titulares foram embora, quatro para China e dois para a França. Com a equipe desmontada o sonho da Libertadores, que já era bem difícil mesmo com a equipe campeã brasileira, foi pelos ares. Nem o mais otimista dos corintianos consegue imaginar que esse time que sobrou vai muito além das quartas, mas agora o que parece mais importante é conseguir montar uma equipe que consiga se encaixar e disputar todas as competições desse longo 2016 em alto nível.
As opções são escassas, mas ainda assim é possível que Tite consiga arrumar alguma coisa. Na defesa, a equipe basicamente não tem mais nenhum zagueiro para o banco, sendo que, aparentemente, Yago é quem vai herdar a posição de Gil. Yago foi bem de mais no ano passado, soube jogar nas laterais e na zaga foi bem regular. Não deve ter tantas dificuldades para jogar na posição: só precisar ser rápido e cobrir bem os volantes (*polêmica* o Gil era uma tragédia pelo alto e eu particularmente acho que o Felipe foi bem melhor que ele no título brasileiro). O problema é que não sobrou ninguém para suplência. A diretoria tem se movimentado, Vilson, Chapecoense, chegou à equipe para a disputa do paulista, mas é importante lembrar que ele não teve boa passagem no Palmeiras e na Chapecoense ficava bem atrás de Neto que por si só não é lá grande coisa. Talvez seja então o momento de Rodrigo Sam, zagueiro magro, leve e não muito alto que joga nas categorias de base. Não deve jogar muito, mas com certeza vai estrear como profissional. Visto a zaga, chegamos então no grande pesadelo do torcedor corintiano.

Saudades mil...
O meio campo foi a melhor coisa da equipe do ano passado e agora ele simplesmente foi para o saco. Diferente das outras posições é impossível substituir os jogadores e manter o padrão de jogo. Jádson foi o grande jogador da equipe no campeonato, jogando aberto como ponta, mas sempre caindo um pouco mais para o meio, facilitando as infiltrações do lateral e do segundo volante enquanto organizava o jogo com passes curtos. É uma versatilidade tão grande que, combinada com a habilidade do jogador, faz ficar impossível seguir usando este mesmo esquema. A solução, em primeiro momento, é o paraguaio Angel Romero. Não que seja o jogador ideal ou que ele faça o mesmo que Jádson, mas com ele o Corinthians tem um jogador que pode impor velocidade pelos cantos e cortar para dentro da área em diagonal. Mas parece que o jogador que vai ganhar a posição é Guilherme. O atacante que fez sucesso em Minas não tem um passe tão bom, mas tem muita qualidade para segurar a bola e pode finalizar bem quando chegar na área. O problema maior de Guilherme é a baixa resiliência do atleta que perdeu muitos jogos na carreira se recuperando de lesões. Brigam ainda pela vaga: Marlone, que deve herdar a vaga de Malcon, e Luciano, que pode atuar menos como amador e mais como segundo atacante pela direita.
Um que foi e deixará saudade é Ralf. O volante é tudo aquilo que o torcedor corintiano gosta: forte, feio e formal. Ainda que tenha o fator de identificação, Ralf não deve fazer tanta falta no campo. O melhor meio campo da equipe na campanha campeã tinha Bruno Henrique jogando na posição e a agora poderá usar um volante mordedor como Willians. A troca por Marciel não foi um bom negócio, mas ao menos sabemos que ele pode contribuir nessa temporada. Gustavo Vieira poderia ser um nome forte para a posição nesse ano, mas o paraguaio deve ser emprestado para ganhar rodagem.
A última vaga no meio é a de Renato Augusto e mais uma vez o Corinthians deve ter dificuldades para achar um substituto. Renato finalizava de fora, se movimentava muito bem (estava em todos os lados do campo), sabia organizar o jogo e cuidava muito bem da bola (dando canetas em todo mundo), coisas que você não encontra em nenhum jogador do elenco ou mesmo em outro time do país. Se é difícil substituir Jadson pela função no campo, achar alguém para Renato Augusto é quase impossível em virtude da ausência de jogadores para a posição tanto na base como no mercado. Rodriguinho foi quem começou a temporada no lugar do meia e foi muito bem no jogo de estreia. é uma ameaça com chutes de fora, se mexe bem no campo e tem um passe bem ok pra aqui que esperávamos dele. Mas a grande aposta para esta posição é Giovanni Augusto. O meia que veio do galo foi um dos melhores jogadores do Brasileirão, dono de um bom passe, boa finalização e ótima infiltração. Ao lado de Elias ele pode transformar o Corinthians numa máquina de contra-ataques.

A solução de todos os problemas: Lucianel Messi!
           O último setor é o ataque. Para o lugar de Malcom Tite começou o ano usando Lucca, mas a experiência não foi muito boa. A posição de atacante pela esquerda deve ser então disputada por Malone (que não começou bem a temporada) e Rildo, que ainda deve retornar de lesão. Já para ocupar o lugar de Vágner Love a disputa será entre André, que fez ótima temporada pelo Sport no ano passado, e Luciano. São dois jogadores talentosos, mas que acabam sofrendo por problemas de comportamento, mas quem sai na frente é Luciano, que antes da lesão que o tirou do Brasileiro já era o titular e melhor jogador da equipe.
A parte boa de todas essas perdas é que agora a equipe tem bastante dinheiro, o que pode ser ótimo para que a equipe consiga bons valores e possa fazer uma boa campanha boa na Libertadores. A questão é: a diretoria está disposta a gastar? Meu palpite é que não. A negociação com Pato em 2013 deixou o clube arrasado e dificilmente veremos uma transferência bombástica para a equipe. Além disso, parece haver no clube uma nova política salarial que impediria a contratação até mesmo de jogadores livres na próxima janela. Tudo está nas mãos de Tite, inclusive a própria carreira do treinador: é a sua grande chance de provar que é um dos melhores treinadores da história.

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